Dicionário de Cultura Básica/Rui
RUI BARBOSA (político, jornalista, escritor)
Rui Barbosa de Oliveira (1849–1923) foi um dos homens mais sábio produzido pela terra brasileira. Bacharel, iniciou sua carreira profissional como jornalista do Diário da Bahia, começando sua luta de homem político a favor da abolição da escravidão. Lutou contra o dogma da infalibilidade do Papa de Roma e, como deputado geral, em1881, elaborou a reforma eleitoral, defendendo o voto direto, afirmando que "a eleição indireta tem por base o pressuposto de que o povo é incapaz de escolher acertadamente os deputados". Defendeu o regime federativo do Brasil e, com a proclamação da República, ocupou vários cargos políticos. Com a dissolução do Congresso Nacional pelo marechal Deodoro da Fonseca, passou à oposição e precisou se exilar. Após breves estadas em Buenos Aires, Lisboa e Paris, fixou-se em Londres. Dois anos depois, em 1895, voltou ao Brasil, onde participou ativamente da vida política e da reforma do sistema judiciário. Esteve outras vezes no Exterior representando o povo brasileiro: em 1907, na Conferência de Paz, em Haia, e em 1920, como membro da Corte Permanente Internacional de Justiça. Fundador da Academia Brasileira de Letras, escreveu numerosas obras, especialmente discursos políticos e jurídicos, entre os quais apontamos: Cartas da Inglaterra; Réplica; Oração aos moços. Ele foi três vezes candidato à Presidência da República e sempre fracassou, pois um homem honesto e realmente atuante para o bem público dificilmente consegue ascender e permanecer no topo do poder. Ele teve consciência disso. Citamos alguns trechos famosos de seus escritos:
"Toda a atividade da nossa administração
esvai-se no meio dos expedientes..."
"A política não é o jogo da intriga, da inveja e da incapacidade,
a que entre nós se deu a alcunha de politicagem..."
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus,
o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se da justiça,
e ter vergonha de ser honesto!"