Dicionário de Cultura Básica/Zoroastro

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ZOROASTRO (nome grego do profeta iraniano Zaratustra: o Avesta)

Assim falou Zaratustra, "a única criança que riu ao nascer".

A figura do sábio religioso persiano é lendária, pois Zaratustra viveu antes da invenção de uma língua escrita que pudesse registrar seus dados biográficos e pensamentos. Para alguns estudiosos, ele teria vivido no séc. XII, para outros, no VII a. C., nas estepes do Leste do Irã. O Avesta, o conjunto dos livros sagrados da antiga língua avéstica, teria sido queimado por ordem de Alexandre, o Grande. Conservada pela tradição oral, uma quarta parte da imensa obra foi traduzida para a língua viva palavi e publicada no V séc. d.C. Segundo a lenda, Zoroastro foi a única criança "que riu ao nascer". Quando moço, recebeu uma visão de Ahura Mazda (o Senhor da Sabedoria). Assim iluminado, ele começou a apregoar o repúdio do politeísmo, ensinando que o único deus digno de adoração era o Ahura Mazda, ser incriado, o princípio do Bem, a quem contrastava o co-eterno Angra Mainyu, o princípio do Mal. O sistema religioso do Zoroastrismo está baseado na escatologia: a vitória final do bem sobre o mal. As almas, após a morte, seriam pesadas numa balança e julgadas no Chinvat, a Ponte do Separador. As boas, que praticaram na Terra a ordem, a justiça e a verdade, passariam pela Ponte, indo para o Céu; os espíritos de culpa mais pesados, que seguiram o Angra Mainyu, o princípio do mal, seriam precipitados no Inferno, que estava em baixo da ponte, lugar de fome e de miséria. Esse dualismo cósmico influenciou a religião de judeus, cristãos e maometanos, que tiraram da doutrina de Zaratustra as idéias sobre céu, inferno, morte, ressureição, livre arbítrio, natureza do mal, triunfo final do bem. Mais conhecido no Ocidente, a partir da Idade Média, é outro filósofo persa, Mani, o pai do Maniqueísmo, que aproveitou muito do pensamento de Zoroastro ao negar qualquer possibilidade de coexistência entre os dois princípios antagônicos do Bem e do Mal (→ Medievalismo). A obra-prima do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, intitulada "Assim falou Zaratustra", tem pouco a ver com o zoroastrismo, mas indica a permanência da doutrina religiosa do sábio iraniano na cultura do oriente e do ocidente.