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Foi ja n'hum tempo doce cousa amar

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Foi ja n'hum tempo doce cousa amar,
Em quanto me enganou huma esperança:
O coração com esta confiança
Todo se desfazia em desejar.

Oh vão, caduco e debil esperar!
Como, em fim, desengana huma mudança!
Que quanto he mor a bem-aventurança,
Tanto menos se crê que ha de durar.

Quem ja se vio com gostos prosperado,
Vendo-se brevemente em pena tanta,
Razão tẽe de viver bem magoado.

Mas quem ja tẽe o mundo exprimentado,
Não o magôa a pena, nem o espanta;
Que mal se estranhára o costumado.