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Horto (1910)/Caminho do sertão

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CAMINHO DO SERTÃO


A meu irmão João Cancio



Tão longe a casa! Nem siquer alcanço
Vel-a atravez da matta. Nos caminhos
A sombra desce; e sem achar descanço
Vamos nós dois, meu pobre irmão, sosinhos!

E’ noite já. Como em feliz remanso
Dormem as aves nos pequenos ninhos...
Vamos mais devagar... de manso e manso,
Para não assustar os passarinhos.

Brilham estrellas. Todo o céo parece
Rezar de joelhos a chorosa prece
Que a Noite ensina ao desespero e á dôr...

Ao longe, a Lua vem dourando a treva...
Thuribulo immenso para Deus eleva
O incenso agreste da jurema em flôr.

1897