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Horto (1910)/Flores

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FLORES


A Leopoldina e Rosa Monteiro



Quando começa a raiar
O dia cheio de amor,
Eu gosto de contemplar
O coração de uma flor;

Desmaiada e tremulante,
Pendendo triste no galho
Tendo o pistillo brilhante
Embalsamado de orvalho:

A rosa só me parece,
Assim tão casta e sem veo,
Um anjo rezando a prece,
Um’alma voando ao Céo.

Do jasmim puro e mimoso,
A corolla embranquecida,
E’ como um seio formoso
De creança adormecida.

Esqueço-me, então, das horas
A contemplar estas flores,
As violetas, auroras,
Saudades, lindos amores.

1894.