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Meu Captiveiro entre os Selvagens do Brasil (2ª edição)/Capítulo 21

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CAPITULO XXI
De como me trataram na taba

Partimos na manhã seguinte, vogamos o dia inteiro e ás aves-marias chegamos á taba, depois de tres dias de viagem. Devia distar da Bertioga umas trinta milhas, chamava-se Ubatuba e compunha-se de sete casas. Entramos por uma praia perto da qual estavam as mulheres lidando numa plantação de mandioca. Ao defrontal-as fui obrigado a gritar na lingua delles:

— Vossa comida está chegando!

As casas localizavam-se em certa elevação; dellas sahiram os moradores a ver-me. Os guerreiros entregaram-me ás mulheres e recolheram-se ás suas cabanas com as armas.

As mulheres me conduziram, umas adeante, outras atrás, entoando os cantos que usam quando vão devorar algum prisioneiro. E assim me levaram até á caiçara, isto é, á estacada de grossas achas de madeira que lhes cerca a taba. Quando entrei acudiram outras mulheres ao meu encontro, deram-me bofetadas e arrancaram-me punhados da barba, exclamando:

Che anama pipike aé! o que quer dizer: vingo-me em ti do que os teus fizeram aos nossos.

Empurraram-me para dentro de uma cabana, deitaram-me numa inni e continuaram a maltratar-me.

Emquanto isto, os homens se reuniam em outra cabana para beber cauim deante do maracá, deus em cuja honra entoaram cantos por lhes ter proporcionado a minha captura. Durante meia hora ouvi tal musica sem que nenhum homem surgisse em minha cabana; só havia alli mulheres e creanças.

Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.