Meu Captiveiro entre os Selvagens do Brasil (2ª edição)/Capítulo 8

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CAPITULO VIII
De como sahimos do porto para procurar o a que pretendiamos ir

Quanto o vento nordeste soprou, levantamos ferro e aproamos para o porto que tinhamos em mira. Não pudemos reconhecel-o. Percebemos apenas que haviamos passado por elle; mas o sol encoberto não nos permittia fazer observações, nem o vento contrario nos permittia voltar.

Era pela manhã e estavamos em nossa reza matutina quando grossas nuvens se formaram ao sul. Antes de concluida a reza o nordeste serenou e principiou a soprar vento sul, apesar de não ser a epoca do anno em que elle reina. Veio acompanhado de tantos trovões e relampagos que ficámos seriamente amedrontados.

O mar encapellou-se; os dois ventos chocavam-se e erguiam vagas enormes; a escuridão fez-se tão profunda que pareciamos todos cégos. A tripulação tomou-se de pavor; ninguem sabia que faberfazer, nem como colher as velas.

Estavamos certos de perecer naquella horrivel noite, porém quiz Deus que o tempo melhorasse e pudessemos voltar ao porto que haviamos deixado.

Todavia, tantas eram as ilhas que bordavam a costa, que não nos foi possivel reconhecer a entrada desse porto; e como esta mavsomanso no gráo 28 o capitão determinou ao piloto que mettesse por detrás de uma dessas ilhas e lançasse ferro, até ver onde paravamos.

Assim foi feito. Mettemo-nos entre duas terras que ladeavam um porto excellente, ancorámos e resolvemos sahir de bote para um reconhecimento do lugar.

Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.