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O Livro de Esopo/A cabra, o filho e o lobo

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LVIII. [A cabra, o filho e o lobo]

[Fl. 41-r.][P]om emxemplo este poeta e diz que hũa cabra leixou sseu filho em ssua casa, e çarrou a porta e mandou-lhe que sse nom partisse nem abrisse a porta a nhũa[1] persoa[2] ataa que ella viesse. E como lhe disse esto, foy-sse a cabra a paçer.

E hũu pouco estando, veo o[3] lobo e bateo aa porta, e começou de falar como sse fosse cabra, dizemdo que lhe abrisse a porta.

A cabrita disse:

— Saae-te d’aqui, falso ladrom, e nom te achegues aqui! [ca tu nom][4] es a mynha madre, mas falsamemte tu arremedas a uoz d’ella; e pella fendedura da porta vejo eu bem que tu es llobo.

E o lobo vemdo que o conhoçia, foy-sse sseu caminho.




Per este emxemplo este poeta nos amoesta que os filhos deuem de sseer obidiemtes aos mandamentos do padre e da madre; e /[Fl. 41-v.][5] diz que como os filhos som bem aventurados, obeedeçemdo ao padre e aa madre, assy pelo comtrayro[6] os que nom obedeçem a sseus mandados.

Notas

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  1. Leia-se nehũa ou nẽhũa.
  2. No ms. psoa, tendo esquecido de cortar a haste do p.
  3. Depois de e ha um traço sem significação.
  4. Onde ponho colchetes, está roto o ms.
  5. Repete-se e no comêço da pagina.
  6. Isto é: assim são pelo contrario.