O moço loiro/XXI

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Raquel tinha deixado com seu pai a jovem cidade de Niterói; sentada em um dos bancos centrais da barca que os levava, a moça mergulhara seu espírito em profunda meditação; triste e silenciosa, ela havia abaixado a cabeça, como para esconder seu rosto de todas as vistas, e, no entanto, dois olhos estavam fitos nela, examinando seus menores movimentos, adivinhando seus mais ocultos pensamentos. Eram os olhos de seu pai.

Jorge era um homem de sessenta anos, alto, proporcionadamente gordo, tinha os cabelos e supercílios todos brancos, os olhos pardos, e não grandes; seu rosto era comprido e pálido; trajava sempre vestes pretas, seu andar era vagaroso e grave, falava muito poucas vezes, e quase nunca se ria: tudo isto dava-lhe um parecer melancólico, frio e severo.

Jorge desprezava o mundo, desconfiava dos homens, e dificilmente abria seu peito a essas nobres e generosas afeições que nos prendem à vida; em compensação, porém, quando algumas delas podiam chegar a seu coração, não saíam daí mais nunca; como se todo o seu ardor estivesse concentrado nos poucos entes a quem amava, Jorge daria a vida pelo seu amigo, e a alma pela sua Raquel.

Oh!... o amor que esse homem votava à sua filha era imenso e desmedido! fruto único, que lhe havia legado uma esposa, a quem apaixonadamente idolatrara: Raquel foi por ele criada com extremosa ternura; recebeu dele uma educação especial e nova; mas desgraçadamente Raquel, moça, alegre, cheia de vida e vivacidade, cedendo a um erro fatal de seu pai, deixou ir caindo em seu coração todo esse frio, toda essa desconfiança do mundo e dos homens, que no respeitável ancião se davam.

Jorge se aplaudia dos benignos efeitos da educação que dera a sua filha: Raquel era feliz, livre, como a ave dos bosques, alegre e pura no meio da desgraça, do cativeiro, da tristeza e da miséria do mundo. Mas o orgulho do velho tinha de ser terrivelmente ferido.

Logo depois do sarau de Tomásia, Jorge reparou que sua filha passava horas de inexplicável tristeza... dias inteiros de esquecimento de si própria... noites gastas em meditações e suspiros...

Outrora Raquel, quando sentia um pesar ou um prazer, por pequenino que fosse, corria a derramá-lo também na alma de seu pai...

E naqueles dias Raquel fugia de encontrar os olhos de Jorge...

O tempo foi passando, e o amoroso pai observava que sua filha cada vez mais e mais se ia abatendo.

Voltavam, enfim, ambos da cidade de Niterói.

Jorge não perdia de vista a sua querida Raquel; notava cuidadoso aquela tristeza, que há dias a enuviava; e ele, que nunca hesitara em interrogar a consciência de sua filha, pela primeira vez, com seu instinto paternal, temia vê-la corar antes de responder-lhe.

Raquel sofria, com efeito, muito: criada com a educação singular, que lhe havia dado seu pai, essa moça, única talvez entre todas as da sua idade, olhando para o mundo de uma maneira tão particular, sem ter ainda podido despertar nela esses sentimentos ardentes e devoradores, que fazem sempre a desgraça ou a ventura de toda uma vida, e por isso não acreditando neles, acostumada a rir-se das fingidas paixões, com que se lisonjeiam as moças nas assembléias; essa moça, que tinha dito a Honorina — o amor é uma vã mentira! — também por sua vez amava!...

E como se pelo orgulho que ela tinha de sua insensibilidade para o amor, lhe devesse ser dado um castigo, que a fosse ferir aí mesmo e demonstrar toda a sua fraqueza, Raquel tinha sentido derreter-se a massa de bronze que defendia seu coração, ao simples fogo do olhar de um homem, que via pela primeira vez!

E como se pela incredulidade com que desrespeitava os grandes sentimentos que fazem ferver a vida humana, ela devesse provar uma pena tão grande como o seu delito, Raquel sentia o mais requintado tormento que pode consumir uma mulher que ama; porque, enfim, ela sabia ate à evidência que não era amada.

E como finalmente se não bastasse isso ainda, como se ela tivesse de engolir até as fezes de seu cálix de amargura, como se não se lhe devesse deixar um abrigo para esconder-se, um seio onde chorasse, um coração onde derramasse seus suspiros, uma boca que lhe consolasse, Raquel, que tinha no mundo um pai e uma amiga, era deles que mais escondia seu sofrimento; porque seu pai a fazia corar, e sua amiga era a sua feliz rival.

Raquel amava, e amava apaixonadamente o moço loiro.

Nesse fatal sarau, que ela tantas mil vezes amaldiçoava em suas tão longas horas de meditação tormentosa, ela o tinha visto triste e pensativo, e então por ele não sentiu mais do que essa engraçada curiosidade, que toda a moça experimenta quando vê perto de si um moço que pensa, e que seu amor-próprio lhe faz julgar que é dela que talvez se ocupa; mas, quando o jovem melancólico levantou a cabeça, Raquel, ao encontrar seus olhos, cujas vistas ardentes penetravam como uma seta, conheceu que havia naquele olhar alguma coisa muito poderosa e nova para ela. Ainda alegre e apenas curiosa, procurou vê-lo durante o fim do sarau; depois inexplicavelmente preocupada, como Honorina, passou o resto da noite a pensar nele com sua imagem diante dos olhos... com o timbre de sua voz nos ouvidos... e com um peso... uma aflição... uma sensação ainda indizível em toda ela. Enfim, no outro dia, no que se lhe seguiu, no outro ainda... sempre e sempre ansiosa, exasperada, não pôde negar mais a si mesma que fora ela quem havia mentido, dizendo — amor é uma vã mentira. Ela amava.

Raquel, orgulhosa e encantadora moça, sentiu finalmente que, assim como há para o homem, há para a mulher também um momento na vida decisivo, terrível, em que somente um olhar conquista... subjuga... cativa para sempre o coração daquele que o experimenta: um olhar penetrante como o raio de sol, que, chegando até à alma, absorve seus pensamentos, como o mesmo sol o aroma das flores; que com esses pensamentos se mistura para sempre, que neles lança os vestígios de sua poderosa influência, como a gota de líquido corado, que, lançada no vaso de água cristalina, a colore toda.

Oh! Raquel amava muito o moço loiro; e seu amor redobrou, vendo como ele se dedicava a Honorina; talvez... se é possível, Honorina não o amava tanto como Raquel; ou então é preciso distinguir que o amor de uma, partindo do coração, partia ainda mais do espírito, e o da outra saía todo ele do coração.

Honorina, eminentemente nervosa, entusiasta e romanesca, já estava predisposta para amar, quando viu o moço loiro; depois comparou-o com o seu desconhecido, e bem que o resultado da comparação não fosse lisonjeiro a este, todavia; ao conhecer que o jovem loiro e o desconhecido não eram senão a mesma personagem, sua imaginação já excitada se inflamou, e, se seu coração pulsava pela imagem do agradável moço, seu espírito se deixava levar daquelas aparições inesperadas, daquela voz que respondia a seu hino, daquele homem, enfim, que se apresentava imprevisto para arrancá-la da morte. Honorina, pois, amava com o coração, e ainda mais com o espírito.

Raquel, fortemente sangüínea, não era nem entusiasta, nem romanesca como sua amiga: uma carta de mão incógnita a faria rir; aquelas aparições a divertiriam; um homem, que expusesse sua vida para salvar a dela, ganharia toda a sua gratidão, e, todavia, não o seu amor. Mas o moço loiro era amado por seu olhar poderoso, por seus belos cabelos, por seu rosto varonil e interessante, por seu sorrir melancólico, por ele mesmo e só, enfim, sem mistérios e sem nada mais fora dele. E, pois, o amor de Raquel saía todo inteiro do coração.

E, contudo, esse amor tão puro e tão terno devia morrer ali mesmo, onde tinha nascido, sem que ninguém o percebesse; como a flor da colina solitária, ou o suspiro exalado na solidão! era um amor, que cavava uma sepultura em seu berço. Se Raquel fosse amada, sua abnegação não chegaria a esmagar seu terno sentimento, e sacrificá-lo à ventura de Honorina; porém ela via que sua rival era feliz; e sua rival era amiga de seus primeiros anos, a sócia de seus prazeres, a companheira dos seus brincos de infância. E, portanto, Raquel, boa, nobre, fiel à amizade, não podia levantar-se diante da felicidade de Honorina; ela se sentia com ânimo bastante, ela desejava mesmo acender a pira do himeneu, e, levando Honorina pela mão, entregá-la a esse moço loiro tão interessante, que devia ser por força um homem virtuoso.

Também mais do que isso não se pode exigir de uma mulher, que é rival: com tal já se tortura ela bastante.

Quando Jorge e Raquel desembarcaram, já era noite; eles caminharam silenciosos, e, ao passar por uma rua estreita e tortuosa, Raquel, apontando para uma pequena casa, por defronte da qual iam, disse:

— Meu pai, não é ali a casa da velha Sara?...

— Sim, minha filha.

— Oh! pois eu estimaria bem ver a minha pequena afilhada!

— Isso me convém, Raquel; pouco atrás nos ficou a casa do meu guarda-livros, e eu quero saber o que temos de novo.

E, dirigindo-se para o outro lado da rua, Jorge bateu em uma rótula, e viu logo depois sua filha abençoada pela gente que aí morava. Raquel era o gênio da beneficência daquela família.

Jorge saiu para logo voltar.

Moravam nessa casa a velha Sara, a quem Raquel tratava por avó; um moço de vinte anos, seu neto, que se chamava Miguel; e uma inocente menina de três anos, neta também de Sara, e que, tendo perdido sua mãe poucos momentos depois de nascer, outra encontrara na piedade da filha de Jorge.

Depois de haver acariciado sua inocente afilhada, que justamente era órfã, Raquel dirigiu-se à velha:

— Então, minha boa avó, está ainda bem forte, não é verdade?...

— Sim, sim, minha senhora, para meus noventa anos; porém, tudo isto vai caindo de repente... há dois meses passados eu era outra...

— Não se pode ser forte toda a vida, boa avó; mas, graças a Deus, eu a acho sempre gorda... goza mais saúde do que se podia esperar em tão avançada idade: e tudo por aqui vai bem; Miguel está forte... e mostra ser sadio... a pequena Luísa, muito limpinha e viva... bem... bem...

— Oh! mas nunca faltam incômodos...

— Então o que há?... eu reparo que aqui se passa alguma coisa; Miguel tem estado a ponto de falar umas poucas de vezes; e ele custa-lhe a fazê-lo...

— É o seu costume... abrir a boca, quando deve fechá-la.

— Então é um segredo?... pois bem: eu não quero sabê-lo.

— Sim, disse Miguel; mas eu já tenho dito dez vezes à mãe Sara que, se ele nos morrer em casa, pode-nos custar caro.

— Morrer em casa!... exclamou Raquel.

— Miguel! tu faltaste ao que prometeste, disse severamente a velha.

— Não, mãe Sara: a Sr.ª D. Raquel não entrava na conta; nós não podemos esconder nada dela.

— Então, de que se trata? perguntou Raquel.

— Fala tu, Miguel, já que começaste.

— Falo, sim, senhora, tornou Miguel: pelo sim pelo não, é bom que a senhora saiba; pois se acontecer alguma desgraça...

— Fala... anda.

— Foi o caso que ontem pela volta das onze da noite tinha eu chegado por acaso à janela, quando vi aproximar-se vagarosamente, e apoiando-se pelas paredes, um moço, coitado, todo molhado, e o que é mais, coberto de sangue.

— Meu Deus! e que é feito dele?...

— Pediu-me com voz desfalecida que o socorresse... que o ajudasse a caminhar... ora, eu não tenho coração para ver estas coisas; chamei mãe Sara, e compadecidos todos lhe oferecemos a minha cama...

— E ele, e ele?...

— Arrumou os pés à parede, e não quis aceitar senão depois que lhe prometemos nada dizer a seu respeito, a quem quer que fosse... enfim, entrou: pobre moço! tinha a cabeça quebrada; não consentiu, porém, por modo algum que se chamasse médico; fez-me amarrar-lhe a cabeça com panos; mãe Sara pôs-lhe um remédio na ferida, e ele dormiu toda a noite; mas ainda não se pode levantar.

— E agora?...

— Há duas horas que dorme.

— Minha boa avó, disse Raquel com voz muito trêmula, ele dorme... deixe que eu veja esse moço... só da porta... de longe...

— Minha filha, posso eu dizer-lhe que não?... mas Deus sabe que não fui eu quem faltou à promessa.

Raquel deixou Sara, e, acompanhada de Miguel, dirigiu-se por um corredor escuro e longo, no fim do qual este lhe apontou um quartinho, cuja porta estava apenas cerrada.

Raquel fez sinal a Miguel para que observasse se o moço dormia; e, só depois de certificada disso, ela passou mansamente metade de seu esbelto corpo para dentro do quarto e viu... era ele mesmo!

Uma fraca luz ardia junto à sua cabeceira, e, à mercê de seu triste clarão, ela viu o rosto pálido e abatido do jovem ferido... alguns anéis de seus cabelos saíam por debaixo do lenço, em que tinha envolvida a cabeça... seus olhos estavam fechados; mas, ainda dormindo, parecia tão meigo como na noite do sarau.

Raquel contemplou enlevada a figura do moço adormecido; depois, como arrependida de algum terno pensamento, que talvez lhe surgisse na alma, retirou-se rapidamente da porta do quarto, e, levando a Miguel para outro, que defronte ficava, disse:

— Miguel, és capaz de ir agora mesmo a Niterói?

— Ao fim do mundo para lhe servir, senhora.

— Pois vai: procura entre S. Domingos e a Praia Grande a casa em que mora o Sr. Hugo de Mendonça... está situada a poucas braças do mar; dize que vais da minha parte falar à sua filha: e a ela só, Miguel, ou a uma mulher já idosa, que se chama Lúcia, entrega a carta que vou escrever, que não deverá ser lida senão por ela... por ela só, entendes?...

— Perfeitamente; pode contar que tudo está feito.

— Dá-me papel e tinta.

Raquel ficou só no quarto e escrevia a Honorina; quando já tinha terminado e dobrado a carta, Miguel a veio chamar da parte de Jorge, que acabava de chegar; foram então ambos para a sala; alguns momentos depois, porém, a moça, tendo obtido de seu pai licença para mandar, como dizia, buscar notícias de Honorina, voltou, selou a sua carta, e, pondo-lhe o sobrescrito, ao mesmo tempo que com seu pai se retirava, Miguel partia para Niterói.

Raquel, mandando lisonjeiras notícias do moço loiro à sua rival e amiga, castigava sua alma pelo amoroso pensamento que há pouco tinha concebido, ao observar o jovem adormecido.

No fim de três horas Honorina lia a carta de Raquel. Miguel havia desempenhado sua comissão como melhor pôde, confiando a carta a Lúcia.

Honorina beijou mil vezes aquelas letras, que, por serem vindas da mão da sua melhor ou talvez única amiga, livravam-na além disso de metade de seus cuidados; tendo finalmente de guardar a carta, viu, ao fechá-la, surpreendida a princípio, e logo depois toda prazer e ardor, que haviam, no verso da página escrita, algumas linhas que lhe tinham escapado, que não eram da mão de Raquel, e que diziam assim:

"Honorina, eu te amo! eu amo, com esse amor de poeta, como esse amor de fogo, que, ainda quando acaba na desgraça e na morte, contanto que seja sempre o mesmo amor, é por força bem belo!..."

— Oh!... exclamou Honorina levantando as mãos para o céu, quanto devo eu à amizade da minha Raquel!...

Mas, no meio de seu prazer imenso, a moça tornou-se subitamente melancólica e pensativa, como se uma lembrança amarga tivesse vindo avivar-se-lhe no espírito.

Há no mundo um sentimento encantador e meigo como o primeiro sorrir de um filhinho, puro e benigno como o orvalho da aurora, inocente e casto como o amor nascente de uma virgem; é a amizade de duas moças.

No meio desses juramentos de eterna estima, que as jovens senhoras proferem em um sarau, ao som das contradanças, e que cinco minutos depois esquecem; no meio desses beijos, dessas carícias que se dão, e se despedem com as faces ardendo e o coração gelando, a amizade sincera de duas moças fulge como brilhante sem jaça entre a multidão de falsas pedras; e os corações daquelas pendem um para o outro, ao doce impulso da amizade, semelhante a duas mimosas flores, que se aproximam e se tocam impelidas pelo sopro de matinal favônio.

Uma amizade desse gênero ligava Honorina a Raquel; elas amavam-se como duas irmãs gêmeas, que se amam muito.

São onze horas da noite.

Melancólicas e pálidas velavam duas virgens na solidão de suas câmaras: estavam separadas uma da outra por esse braço do oceano, que passa entre as duas cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, e além se estende, beijando namorado brancas orlas de sossegadas praias, e namorado abraçando ilhotas graciosas; mas, no entanto, acima desse mar e subindo ao céu, encontravam-se talvez os pensamentos de ambas, porque pensavam uma sobre a outra.

Honorina de repente se entristecera, lembrando-se de Raquel: no meio de sua alegria recordou-se de que uma paixão fatal e reprovada torturava a alma de sua amiga; incapaz de dizer uma mentira a Raquel, e nesta confiando muito, acreditou que ela amava um homem casado; e a lembrança do padecer da escolhida de seu coração a mergulhava em um mar de cruéis reflexões. Honorina não achava um só meio de servir a Raquel: Honorina chorava.

Passado algum tempo, a filha de Hugo de Mendonça foi ajoelhar-se ante uma imagem da Mãe de Deus: Honorina rezava.

Raquel sentia que o amor que votava ao moço loiro a cada instante se tornava mais e mais ardente; cedendo às vezes à influência de sua imaginação, sonhando um momento acordada, ia desenhar belos arabescos no painel de seu futuro; mas de súbito se lembrava de Honorina, da sua fiel e única amiga, do amor que lhe tinha aquele a quem amava, e uma barreira imensa... insuperável se erguia entre Raquel e a felicidade: então ela de novo castigava seu espírito, fazendo votos pela ventura de Honorina; mas pensando também em si... Raquel chorava.

E a filha de Jorge foi ajoelhar-se, como à mesma hora o fazia Honorina, ante uma imagem da Mãe de Deus. Raquel rezava.

E no fim de uma hora, Honorina, que tinha concluído suas orações, antes de levantar-se, ergueu as mãos para a sagrada imagem e exclamou:

— Oh! minha Mãe Santíssima!... tende piedade daqueles que padecem!... curai a dor do meu coração, fazendo a felicidade de Raquel!...

E também no fim de uma hora, Raquel, que tinha concluído suas orações, antes de levantar-se, ergueu as mãos para a sagrada imagem e exclamou:

— Oh! minha Mãe Santíssima... abençoai e protegei o amor de Honorina; mas tende comiseração de mim, que muito sofro!...