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— Que tolice de Carlos! Pensa que eu não sou capaz de andar sozinho por essas estradas! Como se eu não soubesse ir daqui ao Riachinho!

— Mas note que é longe...

— Que é que tem? De mais longe viemos nós... Viemos do Recife!

— Eu não conheço o Recife... — disse a rapariga.

— Ah! É uma bela cidade! Quando saímos de lá à procura de papai...

Neste ponto, Alfredo parou, e levou a mão a testa, cerrando os olhos.

— Que é — perguntou Maria das Dores — está sentindo alguma cousa?

— Não! Não é nada! — disse o pequeno, enxugando as lágrimas.

É que, ao pronunciar o nome do pai, Alfredo lembrara-se da sua figura, tão nobre, tão simpática, tão carinhosa, e sentiu que uma nuvem de pranto lhe toldava o olhar.

Passou-se esse dia, passou-se o segundo, passou-se o terceiro, sem que Juvêncio aparecesse. Carlos, ia à venda à procura de notícias, e voltava sem elas, apreensivo e desanimado.

Uma idéia fixa o perseguia: “Quem sabe se aconteceu alguma desgraça? — pensava. — Quem sabe se o Juvêncio se viu envolvido em algum barulho? Quem sabe se está preso?...”