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No sertão, a gente sabe que só deve e pode contar consigo mesma... Depois, esta vida ao ar livre, no campo e na serra, no meio dos matos, é uma vida que dá alegria e coragem.

Alfredo, que adorava o pequeno sertanejo, e concordava com tudo quanto ele dizia, gritou:

— Apoiado! Eu também já estou ficando sertanejo, não é verdade, Juvêncio? Já monto a cavalo sem cansaço, e de nada tenho medo! A minha vontade era viver sempre no mato!

Carlos sorria, ouvindo a tagarelice do irmão. Juvêncio levantou os ombros, e respondeu:

— Não diga isso! O senhor é um menino de boa família... O senhor e seu irmão hão de estudar, hão de ser engenheiros como seu pai, ou médicos, e nunca mais hão de pensar no sertão, nem em mim...

Carlos, comovido, disse então, com voz grave:

— Juvêncio! Não quero que você diga isso. Você então supõe que esqueceremos algum dia estas semanas em que vivemos e penamos juntos? Eu e meu irmão não somos ingratos. Olhe! Vamos fazer um juramento, aqui: eu prometo que nunca me hei de separar de você!

— Ah! Isso é cousa que nunca se pode jurar! — disse o rapaz — daqui a pouco, quando chegarmos à Bahia, eu irei para o meu lado, os senhores irão para o seu...

— Embora! — afirmou Carlos com energia — poderemos separar-nos pelas necessidades da vida, mas nunca pela indiferença ou pela inimizade. Vamos prometer que seremos sempre amigos.