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LXXX. UMA ESTÂNCIA

Dona Maria Meneses, septuagenária, era ainda forte e sadia: a sua face corada e os seus olhos azuis tinham ainda um brilho de vida e de energia; a sua cabeça, cheia de mocidade, emoldurava-se de cabelos completamente brancos, de uma alvura de neve. Os dois filhos, Roberto e João, um de vinte e cinco anos, outro de vinte e dois, dirigiam a administração da estância; adoravam a velha mãe, num culto fervoroso, em que se misturavam carinho e veneração.

Carlos e Alfredo enterneceram-se, sentindo-se acariciados, respirando livremente, com confiança, nessa atmosfera de sossego e afeto.

Acalmadas as primeiras expansões, Carlos tratou logo de conduzir a conversa para a morte do pai, na ansiosa curiosidade de ouvir da avó qualquer opinião mais precisa. Ela repetiu-lhe, porém, o que já lhe haviam dito os tios: que não havia certeza; e, enquanto falava, sorria. Refletindo bem, Carlos desconfiou que “não lhe diziam tudo...”

— Mas que sabe a senhora a respeito de papai, vovó?!...