Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/79

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brotar alguma fonte, ou passar algum córrego. Vosmecês esperem por mim, que vou ver...

— Mas como há de você acertar com o riacho ou com a fonte, agora, se nunca andou por aqui?

— Oh! É muito simples! Perto da fonte, deve haver no mato a vereda que lá vai ter, — caminho de gente, e caminho de bicho: tudo está em prestar atenção ao terreno e saber ver...

Daí a pouco, Alfredo e Carlos ouviam Juvêncio gritar, a uns vinte passos de distância do rancho, escondido pelas ervas:

— Eu não disse? Cá está o caminho!

Alfredo, apesar de mais animado, estava encolhido num canto da choça, denotando no abatimento da fisionomia o cansaço que o prostrava.

— Bom rapazinho, este, hem? — perguntou Carlos.

— É verdade. Quem será ele?

— Havemos de sabê-lo. O que é certo é que foi para nós uma grande felicidade o encontro. Não sei como nos arranjaríamos sem ele, — ignorantes do caminho e de tudo, perdidos nesta solidão.

Ouviu-se uma voz, que se aproximava cantando.

— Aí vem ele...

Era de fato Juvêncio que cantava alegremente, como se estivesse na situação mais feliz na vida. Mas a melopéia da toada era tão lúgubre, a hora era tão melancólica, que a cantiga, ouvida pelos rapazes, ainda abalados pela sua grande desgraça, entristeceu-os, enchendo-lhes de lágrimas os olhos.