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quina chegára a construir-se, e que até se diz que ella se elevara ou voara do torreão da Casa da India.... ...como por outra parte ha uma constante tradição apoiada com a auctoridade de varias pessoas sensatas e de provecta edade, que asseveram ter sempre ouvido que a maquina de que fallamos chegara a elevar-se e a voar ao menos por algum pequeno espaço........[1]

6.° 0 trecho seguinte da Memoria de Francisco Freire de Carvalho[2]:

Ao argumente da tradição, deduzido dos dois documentos impressos, que acabamos de reproduzir, accrescentaremos : Que esta mesma tradição se encontrava ainda ha poucos annos na memoria de algumas pessoas anciãas, de cujas bocas a ouvimos por differentes vezes, sendo uma d'ellas o sr. Timotheo Lecussan Verdier, nascido em Lisboa e ha poucos annos fallecido n'esta mesma cidade quasi octogenario, sujeito aliás muito recommendavel por seus grandes talentos e litteratura, e um dos illustres socios d'esta academia, o qual nos asseverou, que muitos annos antes da invenção dos aerostatos, Bernardo Simões Pessoa, ex-consul portuguez em Marrocos, homem bem conhecido dos seus contemporaneos n'esta capital, contava ter elle mesmo observado uma ascenção aerostatica em Lisboa, cujo balão se elevara da torre de S. Roque, e fôra cahir junto á costa da Cotovia per detraz de S. Pedro d'Alcantara; noticia esta que o citado sr. Verdier nos asseverou ter ouvido da propria boca do Pessoa em tempos muito anteriores ao anno de 1783.

7.° A noticia que da experiencia deu o beneficiado Francisco Leitão Ferreira, contemporaneo de Bartho-

  1. A pag. 73 e 74.
  2. Memoria citada, pag. 151 e 152.