onde se achava, atirando contra os assaltantes, exposta nos maiores perigos. [1]
— Por que motivo havia de querer ocultar-vos? Estará perdida toda a esperança? inquiriu D. Damiana.
— Que outra esperança me resta? respondeu-lhe o sargento-mor. Aqueles parentes e amigos que me ajudaram a dar um ensino aos inimigos em agosto do ano passado abandonaram-me. Vejo-me só. Tudo se mudou para pior. Nem negros, nem moradores, nem provisões de boca.
D. Damiana não se deu por vencida, A ausência do marido afigurava-se-lhe mais penosa que as perseguições ordenadas pelo governador. Enquanto pôde, impediu João da Cunha de resolver-se a deixar o engenho.
Chegou, porém, uma manhã decisiva. A tropa a que se referia o bispo, estava perto. Uma pobre mulher, amiga da família ameaçada, viera, atravessando florestas, trazer ao senhor de engenho esta triste nova.
— Se estás deliberado a deixar Goiana, iremos juntos - disse D. Damiana ao marido. Não quero ficar aqui. Os nossos inimigos insultar-me-iam se eu ficasse só. Não vão eles mostrando para quanto prestam com os desacatos que, por onde passam, têm para as famílias?
— Infelizmente não podeis, senhora - advertiu João da Cunha. A minha jornada há de ser árdua, por dentro de bosques, através de desertos