Que extranha agitação não sinto n′alma

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OLINDA A ALZIRA

Que extranha agitação não sinto n′alma
Depois que te perdi, querida Alzira!
De meus olhos fugiu, sumiu-se o fogo,
Que a tua companhia incendiava!
Por uma vez se foi a minha alegria,
Nem a mesma já sou, que outr′ora hei sido!
Minhas vistas ao ceu languidas se erguem,
E a mim propria pergunto d′onde venha
Tão novo sentimento assoberbar-me?
Não se aquieta o coração no peito,
Não cabe n′elle, e viva chamma no intimo
Das entranhas ardente me devora,
Sem que eu possa atinar a causa, a origem.
Aquelles passatempos, que na infancia
Tão do peito queria, em odio os tenho.

Das mesmas sup′rioras a presença,
Que d′antes para mim era indiff'rente,
Se me torna hoje dura, intoleravel!
Aonde, aonde irão estes impulsos
Precipitar a malfadada Olinda?
Será, querida Alzira, a tua ausencia,
Que me faz derramar tão agro pranto?
Debalde a largos passos solitaria
Vago sem norte: ignoro o que procuro;
Ah! minha cara! os males que tolero
Expressal-os não posso, nem soffrel-os.