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Se as penas com que Amor tão mal me trata

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Se as penas com que Amor tão mal me trata
Permittirem que eu tanto viva dellas,
Que veja escuro o lume das estrellas,
Em cuja vista o meu se accende e mata;

E se o tempo, que tudo desbarata,
Seccar as frescas rosas, sem colhellas,
Deixando a linda côr das tranças bellas
Mudada de ouro fino em fina prata;

Tambem, Senhora, então vereis mudado
O pensamento e a aspereza vossa,
Quando não sirva ja sua mudança.

Ver-vos-heis suspirar por o passado,
Em tempo quando executar-se possa
No vosso arrepender minha vingança.