Wikisource, a biblioteca livre
Então respondeu Elifaz temanita:
Se alguém intentar falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderá conter as palavras?
Eis que tens ensinado a muitos, E tens fortalecido as mãos fracas.
As tuas palavras têm sustentado aos que estavam caindo, E tens fortalecido os joelhos trêmulos.
Porém agora que se trata de ti, te enfadas: Agora que és atingido, te perturbas.
O teu temor de Deus não é a tua confiança, E a tua esperança a integridade dos teus caminhos?
Lembra-te, pois, quem, sendo inocente, jamais pereceu? E onde foram os retos exterminados?
Conforme tenho visto, os que cultivam iniqüidade, E semeiam aflição, as segam.
Pelo assopro de Deus perecem, E pela rajada da sua ira são consumidos.
O rugido do leão, e a voz do leão feroz, E os dentes dos leões novos são quebrados.
O leão velho perece por falta de presa, E os cachorros da leoa são espalhados.
Mas a mim se me disse uma palavra em segredo, E os meus ouvidos perceberam um sussurro dela.
No meio dos pensamentos que nascem das visões noturnas, Quando profundo sono cai sobre os homens,
Sobrevieram-me medo e tremor, Que fizeram estremecer todos os meus ossos.
Então passou um sopro sobre o meu rosto; Arrepiaram-se os cabelos da minha carne.
Alguém, cuja aparência eu não podia discernir, parou; Um vulto estava diante dos meus olhos: Houve silêncio, e ouvi uma voz:
Pode o mortal ser justo diante de Deus? Pode o varão ser puro diante do seu Criador?
Eis que Deus não confia nos seus servos; E aos seus anjos atribui loucura:
Quanto mais aos que moram em casas de lodo, Que têm o seu fundamento no pó, E que são machucados como a traça!
Nascem de manhã e à tarde são destruídos: Perecem para sempre, sem que disso se faça caso.
Se dentro deles é arrancada a corda da tenda, Morrem, e não atingem a sabedoria.