Saltar para o conteúdo

Tudo o que você sempre quis saber sobre a urna eletrônica brasileira/Posfácio

Wikisource, a biblioteca livre

POSFÁCIO

Este posfácio se inicia com agradecimento à Fernanda Andrade e ao SindCT, pela iniciativa de descrever, de forma muito consistente, um pouco da história da urna eletrônica brasileira.

Naturalmente muitos podem se perguntar a razão de se escrever sobre um equipamento. Essa dúvida vai se esvaindo ao se ler o livro, quando então pode-se observar que não se trata somente de um relato sobre tecnologia.

Em seu prefácio, o Ministro Velloso foi muito feliz ao abordar diferentes aspectos que motivaram o projeto, e é muito importante destacar a importância de suas decisões e orientações, quando presidente do TSE, ao viabilizar e justificar projeto de tamanha magnitude, com muita coragem e determinação.

A urna eletrônica vem sendo produzida há mais de 25 anos e é a ponta de um iceberg que foi a informatização de toda a Justiça Eleitoral brasileira.

Assim como diferentes nichos do serviço público brasileiro, a Justiça Eleitoral se viu obrigada a adotar mecanismos tecnológicos para enfrentar muitos de seus problemas crônicos, causados, em sua maioria, pela ação humana na manipulação de votos, seja na coleta, seja na apuração.

A urna eletrônica não chegou sozinha para modernizar e proporcionar mais segurança e transparência no processo eleitoral brasileiro. Junto com a urna, houve toda uma revolução silenciosa de preparação da Justiça Eleitoral para enfrentar o desafio de adotar tecnologia em seus processos. Foi, e continua sendo, necessário investimento em modernização do cadastro de eleitores, processamento de contagem de votos, uso das mais recentes tecnologias de comunicação de dados, desenvolvimento de soluções próprias de aplicativos baseados em sistemas livres, soluções de segurança da informação, e muitas outras ações.

A Justiça Eleitoral teve de sair de uma situação, no início dos anos 90, onde parte do processamento de dados em eleições era feito por terceiros, para então alcançar, nos dias de hoje, uma situação de infraestrutura própria, dimensionada de maneira extremamente racional, com capilaridade de cobertura de mais de 5.000 municípios, com todos seus escritórios contando com recursos mínimos de processamento e comunicação de dados, com o objetivo de levar segurança no cadastro de eleitores e gestão organizada das eleições de maneira rápida e uniforme. Essa dimensão da infraestrutura necessária e existente na Justiça Eleitoral nem sempre é de conhecimento da população.

Um cuidado louvável, que também foi adotado por todos os serviços públicos de muito êxito no Brasil, foi a capacitação dos recursos humanos da Justiça Eleitoral na área de tecnologia, formando em seus quadros profissionais altamente qualificados, que fazem uma gestão extremamente profissional de toda essa infraestrutura tecnológica. E o sucesso dessa formação ao longo dos anos pode ser melhor visto quando se vê as equipes técnicas do TSE e dos TREs trabalhando com as universidades e os institutos de pesquisa, na condução da constante modernização do sistema eleitoral brasileiro. Isso não tem preço.

Não é só a Justiça Eleitoral que tem essa postura no serviço público. Isso acontece na Receita Federal, na Secretaria de Governo Digital, no TCU, na CGU e em muitos órgãos públicos que têm em seus quadros profissionais da área de tecnologia capacitados não somente a operar os sistemas, mas a pensar e conceber melhores sistemas em benef ício da população brasileira.

Digo e repito infinitamente, a urna eletrônica é a ponta do iceberg, que é todo o aparato tecnológico e humano que nos permite ter as maiores eleições do mundo. São mais de 500 mil urnas ligadas ao mesmo tempo, são mais de 2 milhões de mesários trabalhando em conjunto, são milhares de técnicos cuidando para que a festa da democracia seja um sucesso, sem contar com o impulso que se dá à indústria local e às prestadoras de serviços de apoio na área de tecnologia da informação. São números que não aparecem. A magnitude de todo o processo impressiona e cria em todos que participam uma admiração sem tamanho, admiração que acaba impregnando até os prestadores de serviço e empresas que participam do processo eleitoral. Todos ficam engajados e trabalham muito mais que a encomenda, sentindo-se responsáveis de igual para igual pelo sucesso das eleições, assim como os servidores da Justiça Eleitoral.

Nesse processo todo, a urna eletrônica tem seu papel fundamental de ser o instrumento de coleta dos votos de forma automatizada, porém tem um papel maior ainda que é materializar um novo conceito aplicado às eleições, de uso de tecnologia para garantir um processo eleitoral com lisura e transparência.

Como todo equipamento eletrônico, a urna eletrônica está em constante aperfeiçoamento e vem adotando, de versão em versão, as mais recentes técnicas de segurança e confiabilidade.

Este livro, assim como as diversas publicações sobre as urnas eletrônicas brasileiras, é um retrato de todo esforço e dedicação para se quebrar paradigmas muito enraizados na cultura eleitoral brasileira e mostra como isso foi conseguido com a urna eletrônica e toda a modernização alcançada na infraestrutura da Justiça Eleitoral nos últimos 30 anos.

A eleição não se resume ao uso da urna eletrônica. A urna é o símbolo de todo o esforço de modernização e adoção de tecnologia em nosso processo eleitoral.

Assim como o motor movido a álcool, os satélites brasileiros e muitas outras tecnologias em uso no nosso país, a urna teve a contribuição de técnicos dos centros de excelência locais, DCTA e INPE, fazendo parte de um time imenso de diversas instituições somadas à Justiça Eleitoral, todos mergulhados na sinergia de ter um país melhor.

“Tudo que você quis saber sobre a urna eletrônica brasileira” faz uma viagem com começo, meio e..... continuação, destacando o esforço necessário de todos para que o processo alcançado não se retraia. Não se trata de defender ou criticar a urna eletrônica, mas de destacar seu papel na transformação que ocorreu nos últimos 25 anos em todo o processo eleitoral brasileiro, que se tornou um dos mais confiáveis em todo o mundo. Essa não é uma constatação local, e sim de todos os observadores internacionais que vêm acompanhar nossas eleições.

Todos estão de parabéns, os idealizadores, os técnicos, a indústria, os prestadores de serviço de infraestrutura, os centros de pesquisa, os servidores da Justiça Eleitoral e os milhões de voluntários que fazem de nossas eleições as maiores e mais modernas do mundo, assim como estão de parabéns os idealizadores deste livro, que permitem a muitos conhecer um pouco mais deste imenso processo do qual nos orgulhamos de participar.

Antonio Esio Salgado (Toné)

Este trabalho é regulado nos termos da licença Creative Commons - Atribuição-Compartilha Igual 4.0 Internacional (CC BY-SA 4.0).