Deodoro da Fonseca (número único)/Coluna 2-3/Página 2/O Generalissimo Deodoro

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O GENERALISSIMO DEODORO

Dorme á sombra de nossos gemidos commoventes, dorme tranquillo no sacrosanto regaço da casta immortalidade, ó heroe tão pranteado.

Ouço ainda meu coração, suspirar dolorido; vejo ainda a patria tremula, soluçante, envolver-se nos angustiados crepes da saudade, e entoar junto ao leito estremecido de seu libertador, os canticos da amargura, os cânticos da dór.

E' que ella ouve ainda aquelle brado triumphante, que soltaste em 15 de Novembro, aquelle brado que fez estremecer os Braganças, aquelle brado repetido com enthusiasmo, com harmonia até pelos rios murmurantes, até pelas mattas enverdecidas.

E' que ella ainda vê a tua espada pura, laureada, desemhainhar-se para quebrar os cruentos grilhóes da escravidão, que tanto nos torturavam, para despedaçar o feroz captiveiro, para reduzir a pó um throno asqueroso, e finalmente para apontar ao rei tyranno, ao rei bandido, o caminho d'além mar.

E a Republica, a rosada aurora da liberdade veiu, límpida, encantadora, beijar os labios deste gigante americano.

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Laureado heroe: Tu que foste o sublime vingador de Tiradentes vai lá na eternidade receber delle o abraço fraternal

E de lá do ceu azulino ver-nos-has prostrados, lacrimosos, orvalhando com o nosso pranto as flores sempre-vivas que vicejam em teu jazigo, estas flores que são o symbolo da nossa gratidão.

França Pinto.

Rio Grande.

Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.