Dicionário de Cultura Básica/Adão

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ADÃO e Eva (mito da criação do homem e do pecado original) → Bíblia

Deus, a seguir disse:
"Façamos o homem a Nossa imagem e semelhança..."

No início do Gênesis encontramos a resposta da religião judaico-cristã às principais inquietações do ser humano: quem eu sou?, de onde venho?, por que sofro? Há vida após a morte? Trata-se da teoria "criacionista" ou fixista, que pressupõe a existência de uma entidade transcendental que deu origem ao universo cósmico e à vida vegetal, animal e humana, distinguindo, ab initio, uma vez e para sempre, gêneros e espécies, sem possibilidade de mistura. Essa tese vigorou quase pacificamente na cultura ocidental até à publicação do livro de Charles Darwin: A Origem das Espécies através da Seleção natural (1859), que contém a primeira teoria explicativa realmente científica sobre a evolução dos seres vivos. Chamada de "Nova Bíblia", a obra do cientista inglês revolucionou os estudos biológicos, propondo a substituição da teoria creacionista pela teoria "evolutiva" ou transformacional: as várias formas de vida no planeta Terra não são fixas, mas evoluem constantemente de uma espécie para outra, seguindo a lei do mais forte. Assim, o homem seria apenas um macaco melhorado.

Voltando ao Gênesis, o mito do primeiro homem moldado com barro por Deus (→ Religião) encontra-se em textos assírio-babilônicos. A palavra "Adão", em hebraico, não é um nome próprio, mas um termo genérico que significa "aquele que vem da terra" (adama). E ele vai voltar à terra como castigo, pois cometeu o pecado que os gregos chamavam de híbris, o pecado do "orgulho", a presunção que leva o homem a desprezar os limites impostos pela divindade, querendo igualar-se a Deus. O pecado de Adão e de Eva foi o de "querer saber", a sede do conhecimento. Mas, junto com o castigo vem a esperança: Deus enviará seu próprio filho, o Messias esperado, o Salvador, cujo sangue iria lavar o pecado, redimindo a humanidade da culpa original. Assim, o Cristianismo (→ Cristo) iniciaria uma nova Era, a do Novo Testamento, sob a égide do perdão e do amor, em substituição ao deus vingador do Judaísmo.