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Dicionário de Cultura Básica/Cubismo

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CUBISMO (corrente artística) → VanguardaPicasso

Do nome da figura geométrica "cubo", este movimento da Vanguarda européia está mais relacionado com as artes plásticas. Em 1907, o Salão de Outono, em Paris, apresentou uma retrospectiva da obra do pintor Cézanne, morto no ano anterior. Numa sua carta, Cézanne afirmava que a arte devia "reconstruir a natureza através do cilindro, do cone, da esfera, o todo em perspectiva, de tal forma que cada lado de um objeto, de um plano, se dirija para um ponto central". O Impressionismo (Cézanne, Van Gogh, Gauguin) já contestara a perspectiva euclidiana, pela qual a realidade só pode ser apreendida de um ponto de vista único. Os cubistas, influenciados pela incipiente física quântica e pela teoria da relatividade (→ Einstein), que inclui a noção do tempo dentro do espaço, começam a representar o objeto de um ponto de vista alternativo, isto é, de vários lados, dando uma visão do real fragmentada, estilhaçada, como se o mundo estivesse sendo visto através da refração de muitos espelhos. A visão cubista faz ver "simultaneamente" aquilo que através da visão natural só poderia ser visto sucessivamente. Enquanto o Impressionismo procurava apreender a realidade "tal como a vemos", através da percepção, o Cubismo tenta apresentar a realidade "tal como ela é". Mas, paradoxalmente, o culto do objeto vai conduzir à destruição do real: a análise e a decomposição sistemática do objeto, desarticulando a forma e reduzindo-a a elementos puramente geométricos, no afã de captar a estrutura profunda das coisas, afastam a arte da verdade da aparência. Do Cubismo ao Abstracionismo (a completa ausência de figurativismo), o passo é breve. O termo "cubismo" foi inventado por Matisse, ao observar quadros de Braque, numa exposição de 1908. O primeiro núcleo de pintores cubistas foi composto pelo encontro de Braque e Picasso, imitados em seguida por Piet Mondrian, Marc Chagall, Juan Gris, Picabia, Férnand Léger, René Magritte. O Cubismo literário apresenta um tipo de poesia em que a realidade é fracionada e expressa através de planos superpostos e simultâneos. O maior poeta desta tendência é Apollinaire, amigo íntimo de Picasso. Seus trabalhos principais são: Calligrammes (poemas que antecipam a nossa poesia "concreta") e L'esprit nouveau (ensaio crítico), título também de uma revista, cuja teoria poética influenciou autores europeus e brasileiros, chamados de "espiritonovistas".