Dicionário de Cultura Básica/Estoicismo

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ESTOICISMO (corrente filosófica: a virtude, acima de tudo)

"O homem sábio deve ficar satisfeito se tiver feito, sinceramente,
o melhor possível, sem prejudicar ninguém."
(Martin Seymour-Smith, definindo o Estoicismo)

Do grego stoikós ("em linha reta"), o homem adepto do estoicismo se torna impassível antes à dor e à adversidade. A doutrina estóica, chamada de "Escola do Pórtico" (o átrio em Atenas, cujo teto era sustentado por colunas, onde se falava de filosofia), começou a ser divulgada a partir de Zenão de Cítio (335–264), seguido por Panécio, Posidônio, Sêneca e Marco Aurélio. O Estoicismo ensina que Deus é o próprio Universo e a alma humana uma centelha divina, que se desprende dessa matéria imensa e a ela retorna. É a crença no Panteísmo. Para os estóicos, a noção da matéria está fortemente ligada à noção do esforço, considerando negativa qualquer forma de passividade. Nada se consegue sem sacrifício. Sem força de vontade, que tempera o caráter, não se alcança o sumo bem, que é a virtude. E esta reside na capacidade do ser humano viver conforme a natureza, nada fazendo a mais nem a menos. O escritor latino Lucano dizia que "cada qual é responsável pelo seu próprio naufrágio". A doutrina estóica preocupa-se, fundamentalmente, com o ensinamento moral. Alguns trechos extraídos da obra do imperador romano Marcus Aurelius Antoninus (121–180), Meditações, nos ajudam a entender a postura estóica perante a vida:

Não poderás ser mestre na escrita e na leitura sem ter sido antes aluno...
Lembra-te sempre disto: para viver-se com felicidade, basta pouco...
Adapta-te ao gênero de vida que te tocou por sorte...
Quais aborrecimentos evita aquele que não procura saber
o que o seu vizinho diz, fala ou pensa...
O valor de cada um é relacionado com o valor das coisas às quais deu importância.