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O Livro de Esopo/O lobo que accusa a raposa perante o bogio

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XXIV. [O lobo que accusa a raposa perante o bogio]

[P]om este poeta emxemplo e diz que o lobo acusou a rraposa d’auamte o bogio: que lhe deuia muytos dinheiros[1]. A rraposa sse escusaua quanto podia. Veemdo o bogio a escusa da rraposa, conhoçeo que o lobo a demamdaua e acusaua ssem rrazom, e disse ao lobo:

— Tu demandas o que nom deues comtra rrazom, e tu mereçes pena.

Ho lobo sse partio comfuso, e o bugio começou a olhar a rraposa e escusá-la, dizemdo que era jnocente do que ho lobo a acusava.




[Fl. 17-v.]Per este emxemplo este poeta rreprehemde aquelles que demandam algũa cousa a sseu proximo contra rrazom. E diz que aqueles que ssom compridos de maliçias, e husam ssempre em ellas, nom as podem de ssy tirar; e aquell que he huseiro e[2] a fazer e uiuer com emganos, ssempre deseia d’enganar aquell que póde; e quando emgana algem, todo sse gloria no sseu maao fazer.

Notas

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  1. No ms. está em breve: drrºs, com rr (por jr?)
  2. Este e, comquanto em certo modo pudésse justificar-se syntacticamente, talvez porém aqui seja de mais, por influencia do e que vem adeante.