Dicionário de Cultura Básica/Electra
ELECTRA (personagem mito-trágica) → Édipo → Agamenão
A figura de Electra é o equivalente feminino do mito de Édipo: enquanto este mata o pai e casa com a mãe, aquela mata a mãe para vingar a morte do pai. Filha de Agamenão e Clitemnestra (soberanos de Micenas), quando a mãe e o tio Egisto matam seu pai, após voltar da Guerra de Tróia (→ Ilíada), Electra, junto com o irmão Orestes, maquina a morte da mãe, adúltera, e do irmão do pai, assassino. A psicanálise de C. G. Jung chama de "Complexo de Electra" à atração sexual não sublimada que uma filha possa sentir pelo próprio pai. Depois de uma fase de fixação afetiva na mãe, durante a primeira infância, a criança pode se apaixonar pelo pai, em que constrói a imagem do homem ideal. Electra simboliza este amor incestuoso da filha pelo pai que, não resolvido de uma forma adequada, pode causar graves neuroses. O mito de Electra, como o de Édipo, inspirou muitas obras de arte, especialmente dramáticas. Sua história ficcional foi objeto de várias peças da tríade dos poetas trágicos da Grécia antiga. Ésquilo (Coéforas, 458 a.C.), Sófocles (Electra, 415 a.C.), Eurípides (Electra, 415 a.C.). Na Era Moderna, o assunto foi retomado por vários dramaturgos e romancistas, além de ser explorado pela filmografia e pela televisão. Lembramos a peça Do dramaturgo norte-americano Eugene O’ Neill, O luto fica bem em Electra (1931), que, no Brasil, foi representada com o título Electra e os fantasmas. O texto já apresenta o início de um processo que iria desembocar em Longa jornada de um dia noite adentro, onde O´ Neill alcança seu sonho de realizar uma peça respeitando a lei das três unidades detectadas pela Poética de Aristóteles: unidade de tempo, de ação e de local. O' Neill transfere toda a tragédia de Ésquilo para a guerra de secessão norte-americana.