Dicionário de Cultura Básica/Leonardo
LEONARDO da Vinci (cientista e artista italiano) → Renascimento
"Muitos fizeram comércio de ilusões
e falsos milagres, enganando os ignorantes...
Cegante ignorância nos ilude.
Ó miseráveis mortais, abri os olhos"
"O mais completo dos homens": assim foi definido esse italiano, pintor, escultor, engenheiro, arquiteto, anatomista, matemático, poeta.. A importância da figura luminosíssima de Leonardo da Vinci (1452–1519) só pode ser percebida no contexto da cultura italiana e européia ao longo do séc. XV e XVI (→ Renascimento). Dele, Sigmund Freud disse: "foi como um homem que acordou cedo demais na escuridão, enquanto os outros continuaram dormindo". Com o grande artista e cientista italiano, a Europa despertou definitivamente do sono medieval, abrindo a janela para a modernidade. Nasceu na cidadezinha de Vinci, perto de Florença, mas viajou a vida toda, solicitado pelos governantes de outras cidades, vivendo também em Milão, Roma, Mântua, Veneza, e falecendo num castelo ao Sul da França. Ele é mundialmente conhecido como o pintor da tela Mona Lisa, também chamada de "Gioconda". Trata-se do retrato da esposa do nobre florentino Francesco Del Giocondo, pintado entre 1503 e 1507. A peculiaridade é que a imagem sorri para o observador de qualquer lado que ele a olhe. Aqui aparece bem a técnica pictórica, inventada por Leonardo, do "sfumato", a meia-luz vaporosa que banha as formas com uma poesia inefável. O ficcionista Dan Brown, no seu best seller O Código Da Vinci, com edição brasileira em 2004, encontra o anagrama de Mona Lisa em "Amon L’Isa", a conjunção dos nomes das divindades egípcias Amon e Ísis, cujo pictograma antigo era L’ISA. Com isso, ele tenta demonstrar a androginia da figura pintada por Leonardo, que teria dado nova vida ao mito grego do Hermafrodito (→ Andrógino), passando pela mitologia egípcia sobre a fertilidade e confirmando o pendor pela homossexualidade do grande pintor da Renascença italiana. Na mesma obra, o autor apresenta uma surpreendente tese sobre a novela de cavalaria medieval, A Demanda do Santo Graal. Pela versão de Dan Brown, o Graal não seria o cálice usado por Cristo na última ceia, onde José de Arimatéia teria recolhido o sangue de Jesus crucificado, mas a verdade oculta sobre Maria Madalena. Ela teria sido amante de Cristo, de cuja união carnal nasceram vários filhos. Esse segredo milenar, junto com os restos mortais de Madalena, estaria sob a guarda de uma sociedade segreda, o Priorado de Sião, de que Leonardo da Vinci era membro. O pintor florentino faria referência ao relacionamento íntimo de Jesus Cristo com Madalena no famoso afresco A Última Ceia: o rosto andrógino e a pose feminina da figura retratada à direita de Cristo não seriam do apóstolo João, conforme a interpretação tradicional, mas de Maria Madalena, sentada ao lado do Mestre na última ceia. Outros indícios da tese irreverente: na mesa não aparece nenhum cálice, mas uma mão empunhando um punhal, ameaçando quem divulgasse a verdade sobre l’affair de Jesus com Madalena. Outros quadros famosos do grande pintor do Renascimento italiano: Adoração dos magos, A Virgem dos rochedos, A Virgem, o Menino Jesus e Sant’Ana, A Ceia. Além das inúmeras obras realizadas nas várias artes, Leonardo deixou várias pesquisas e projetos inacabados. Alguns esboços foram catalogados apenas como curiosidades, outros foram esquecidos e só recentemente recuperados e retomados. Veja-se, por exemplo, a ponte sobre uma rodovia escandinava, na cidade de Aas, que liga Oslo, na Noruega, e Estocolmo, na Suécia, inaugurada em 2001, construída a partir do projeto original do sábio italiano, apresentado, naquela época, ao sultão Bayezid II, para a passagem aérea sobre o Bósforo. Depois de 500 anos, o princípio da compressão dos arcos teve seu brilhante resultado arquitetônico: a estrutura da ponte demonstra que, quanto maior a distância que separa os extremos de um arco, maior sua capacidade de suportar o peso. A genialidade de Leonardo da Vinci está aí, no abraço entre a arte e a ciência e na conjunção do passado com o futuro! Está também na tentativa de aproximar o católico do herege, o moralista do naturalista, o masculino do feminino!