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Dicionário de Cultura Básica/Formalismo

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FORMALISMOMétodoCríticaTextoEstruturalismo

Termo derivado do latim "forma" (morphé, em grego), que é o aspecto ou aparência em que se encontram organizados os elementos de um objeto: sinais gráficos, sons, cores, linhas, massas e até vazios. Como corrente de crítica literária, o Formalismo surgiu na Rússia, entre 1914 e 1930, quando o regime soviético, contrário a esse movimento artístico, provocou a transferência de seus principais representantes (Chklovski, Eikhenbaum, Tomachevski, Tinianov, Propp, Jakobson) para outros países. O surgimento do Formalismo russo foi fundamental para o estudo de todo tipo de obra de arte, pois lançou as bases da passagem da crítica "externa" para a "interna": até então, o objeto artístico era visto apenas no contexto cultural. Conforme as teorias do Positivismo e do Naturalismo, que vigoraram na segunda metade do séc. XIX, o caráter humano, assim como o produto artístico, era fruto do binômio hereditariedade e meio-ambiente. Estudar uma obra de arte implicava apenas no conhecimento da vida do autor e do lugar e tempo da sua produção. O formalismo muda esse postulado básico, dando prioridade ao estudo dos elementos internos da obra de arte literária. A tese formalista é que os elementos externos (traços biográficos, psicológicos, filosóficos ou sociológicos), embora detectáveis, não são fundamentais para a interpretação da obra, pois a essência da arte reside no prion, no processo, no arranjo estético do material utilizado. Fundamental, portanto, é estudar os elementos componentes e as relações entre eles, a estrutura do texto literário (fonemas, lexemas, sememas, ritmo, figuras de estilo, etc.). Os princípios de análise estética, formulados pela escola russa, não se aplicam apenas ao estudo da Literatura, mas também das outras artes: Pintura, Escultura, Cinema, Teatro, Música. Também no campo das ciências, o Formalismo teve suas influências. Citamos, apenas como exemplo, a teoria "gestáltica" na Psicologia.

O enfoque formalista é uma postura metodológica da crítica que substitui a oposição tradicional entre forma e conteúdo pela relação entre "material" (os elementos fônicos, lexicais, sintáticos e semânticos do texto) e "priom" (processo ou procedimento), isto é, a maneira pela qual o material é manipulado para produzir o efeito estético. Por exemplo, flores e folhagens são o material de que se serve a florista para compor o arranjo estético, o buquê (a obra de arte). A organização do material deve ser feita segundo um procedimento de "singularização", que leva a uma visão peculiar do objeto, libertando a percepção do automatismo. Segundo V. Chklovski, o procedimento de singularização nas obras de Leon Tolstoi "consiste no fato de que ele não chama o objeto pelo seu nome, mas o descreve como se o visse pela primeira vez e trata cada incidente como se acontecesse pela primeira vez". A "literariedade" do texto, isto é a differentia specifica que faz com que um produto de linguagem seja considerado uma obra literária, consiste no arranjo estético do material. Sendo o princípio da forma o traço distintivo da percepção estética, o crítico tem por oficio analisar o priom da obra para descobrir-lhe a especificidade que torna o texto literário um objeto estético.