Quadras ao Gosto Popular
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Quadras em ordem alfabética (primeiro verso) [ editar ]
A abanar o fogareiro
A caixa que não tem tampa
A esmola que te vi dar
A laranja que escolheste
A luva que retiraste
A mantilha de espanhola
A moça que há na estalagem
A roda dos dedos juntos
A rosa que se não colhe
A senhora da Agonia
A terra é sem vida, e nada
A tua boca de riso
A tua irmã é pequena
A tua janela é alta
À tua porta está lama
A tua saia, que é curta
A vida é pouco aos bocados
A vida é um hospital
Acendeste uma candeia
Adivinhei o que pensas
Água que não vem na bilha
Água que passa e canta
Ai, os pratos de arroz doce
Ambos à beira do poço
Andei sozinho na praia
Andorinha que passaste
Andorinha que vais alta
Ao dobrar o guardanapo
Aparta o cabelo ao meio
Aquela loura de preto
Aquela que mora ali
Aquela que tinha pobre
Aquela senhora velha
As gaivotas, tantas, tantas
As ondas que a maré conta
Baila em teu pulso delgado
Baila o trigo quando há vento
Bailaste de noite ao som
Boca com olhos por cima
Boca de riso escarlate (1)
Boca de riso escarlate (2)
Boca de romã perfeita
Boca que o riso desata
Boca que tens um sorriso
Cabeça de ouro mortiço
Caiu no chão a laranja
Caiu no chão o novelo
Cantigas de portugueses
Castanhetas, castanholas
Chama-te boa, e o sentido
Comes melão às dentadas
Comi melão retalhado
Compras carapaus ao cento
Compreender um ao outro
Corre a água pelas calhas
Cortaste com a tesoura
Dá-me um sorriso a brincar
Dá-me um sorriso daqueles
Dá-me, um sorriso ao domingo
Das flores que há pelo campo
Dás nós na linha que cose
Dei-lhe um beijo ao pé da boca
Deixa que um momento pense
Deixaste cair a liga
Deixaste cair no chão
Deixaste o dedal na mesa
Depois do dia vem noite
Deram-me um cravo vermelho
Deram-me, para se rirem
Descasquei o camarão
Deste-me um adeus antigo
Deste-me um cordel comprido
Dias são dias, e noites
Disseste-me quase rindo:
Dizem que as flores são todas
Dizem que não és aquela
Dizes-me que nunca sonhas
Do alto da torre da igreja
Dona Rosa, Dona Rosa,
Dona Rosa, Dona Rosa.
Duas horas te esperei (1)
Duas horas te esperei.
Duas horas vão passadas
Duas vezes eu tentei
Duas vezes jurei ser
Duas vezes te falei
E ao acabar estes versos
É limpo o adro da igreja
Em vez da saia de chita
Entornaram-me o cabaz
Entreguei-te o coração
Era já de madrugada
És Maria da Piedade
Essa costura à janela
Esse frio cumprimento
Esse xaile que arranjaste
Este é o riso daquela
Eu bem sei que me desdenhas
Eu te pedi duas vezes
Eu tenho um colar de pérolas
Eu vi ao longe um navio
Eu voltei-me para trás
Fazes renda de manhã
Fica o coração pesado
Fiz estoirar um cartucho
Fizeste molhos de flores
Floriu a roseira toda
Fomos passear na quinta
Frescura do que é regado
Fui passear no jardim
Há dois dias que não vejo
Há grandes sombras na horta
HÁ um doido na nossa voz
Há verdades que se dizem
Houve um momento entre nós
Já duas vezes te disse
Lá por olhar para ti
Lá vem o homem da capa
Lavadeira a bater roupa
Lavas a roupa na selha
Lenço preto de orla branca
Levas a mão ao cabelo
Levas chinelas que batem
Levas uma rosa ao peito
Leve sonho, vais no chão
Leve vem a onda leve
Linda noite a desta lua
Loura dos olhos dormentes
Loura, teus olhos de céu
Manjerico que te deram
Manjerico, manjerico
Maria, se eu te chamar
Mas que grande disparate
"Mau, Maria!" - tu disseste
Meia volta, toda a volta
Menina de saia preta
Meu amor é fragateiro
Meu coração a bater
Meu coração é uma barca
Morena dos olhos baços
Moreninha, moreninha
Morto, hei de estar ao teu lado
Na praia de Monte Gordo
Na quinta que nunca houve
Não digas mal de ninguém
Não há verdade na vida
Não me digas que me queres
Não sei em que coisa pensas
Não sei que flores te dar
Não sei que grande tristeza
Não sei se a alma no Além vive
No baile em que dançam todos
No dia de S. João
No dia de Santo Antônio
No dia em que te casares
Nunca dizes se gostaste
Nunca houve romaria
Nuvem alta, nuvem alta
Nuvem do céu, que pareces
Nuvem que passas no céu
O ar do campo vem brando
O avental, que à gaveta
O burburinho da água
O canário já não canta
O capilé é barato
O coração é pequeno
O cravo que tu me deste
O guardanapo dobrado
O laço que tens no peito
Ó loura dos olhos tristes
O malmequer que arrancaste
O malmequer que colheste
O manjerico comprado
O manjerico e a bandeira
Ó minha menina loura
O moinho de café
O moinho que mói trigo
O papagaio do paço
Ó pastora, ó pastorinha
O pescador do mar alto
O que sinto e o que penso
O ribeiro bate, bate
O rosário da vontade
O sino dobra a finados
O teu cabelo cortado
O teu carrinho de linha
O teu lenço foi mal posto
O vaso do manjerico
O vaso que dei àquem
Olha o teu leque esquecido!
Olhas para mim às vezes
Olhos de veludo falso
Olhos tristes, grandes, pretos
Onda que vens e que vais
Os alcatruzes da nora
Os ranchos das raparigas
Ouves-me sem me entender
Ouvi-te cantar de dia
Pobre do pobre que é ele
Por cima da saia azul
Por muito que pense e pense
Por um púcaro de barro
Puseste a chaleira ao lume
Puseste a mantilha negra
Puseste por brincadeira
Puseste um vaso à janela
Quando a manhã aparece
Quando agora me sorriste
Quando ao domingo passeias
Quando apertaste o teu cinto
Quando cantas, disfarçando
Quando chegaste à janela
Quando compões o cabelo
Quando é o tempo do trigo
Quando ela pôs o chapéu
Quando eu era pequenino
Quando há música, parece
Quando me deste os bons dias
Quando olhaste para trás
Quando passas pela rua
Quando te apertei a mão
Quando te vais a deitar
Quando tiraste da cesta
Quando vieste da festa
Quantas vezes a memória
Que tenho o coração preto
Quem lavra julga que lavra
Quem me dera, quando fores
Quem te deu aquele anel
Quem te fez assim tão linda
Quero lá saber por onde
Rezas a Deus ao deitar-te
Rezas porque outros rezaram
Ribeirinho, ribeirinho (1)
Ribeirinho, ribeirinho (2)
Ris-te de mim? Não me importo
Rosa verde, rosa verde
Roseiral que não dás rosas
Rosmaninho que me deram
Rouxinol que não cantaste
Santo Antônio de Lisboa
São já onze horas da noite
Saudades, só portugueses
Se eu te pudesse dizer
Se há uma nuvem que passa
Se houver alguém que me diga
Se o sino dobra a finados
Se ontem à tua porta
Se te queres despedir
Se vais de vestido novo
Só com um jeito do corpo
Tem A filha da caseira
Tem um decote pequeno
Tenho ainda na lembrança
Tenho um desejo comigo (1)
Tenho um desejo comigo (2)
Tenho um lenço que esqueceu
Tenho um livrinho onde escrevo
Tenho um relógio parado
Tenho um segredo a dizer-te
Tenho um segredo comigo
Tenho uma idéia comigo
Tenho uma pena que escreve
Tenho vontade de ver-te
Tens o leque desdobrado
Tens olhos de quem não quer
Tens um anel imitado
Tens um livro que não lês
Tens uma rosa na mão
Tens uma salva de prata
Tens uns brincos, sem valia
Tens vontade de comprar
Teu carinho, que é fingido
Teu olhar não tem remorsos
Teu vestido porque é teu
Teu xaile de seda escura
Teus brincos dançam se voltas
Teus olhos de quem não fita
Teus olhos poisam no chão
Teus olhos querem dizer
Teus olhos tristes, parados
Tinhas um pente espanhol
Tinhas um vestido preto
Tiraste o linho da arca
Tive uma flor para dar
Tocam sinos a rebate
Toda a noite ouvi no tanque
Toda a noite ouvi os cães
Toda a noite, toda a noite
Todas as coisas que dizes
Todos lá vão para a festa
Todos os dias eu penso
Todos os dias que passam
Todos te dizem que és linda
Tome lá, minha menina
Traze-me um copo com água
Trazes a bilha à cabeça
Trazes a rosa na mão
Trazes já aquele cinto
Trazes o vestido novo
Trazes os brincos compridos
Trazes os sapatos, pretos
Trazes um lenço apertado
Trazes um lenço novinho
Trazes um manto comprido
Trazes uma cruz no peito
Trincaste, para o partir
Tu És Maria da Graça
Tu És Maria das Dores
Tu, ao canto da janela
Tua boca me diz sim
Uma boneca de trapos
Vai alta a nuvem que passa
Vai alta sobre a montanha
Vai longe, na serra alta
Vale a pena ser discreto?
Vejo lágrimas luzir
Velha cadeira deixada
Vem cá dizer-me que sim
Vem de lá do monte verde
Vesti-me toda de novo
Viraste-me a cara quando
Vi-te a dizer um adeus
Voam débeis e enganadas
Vou trabalhando a peneira
↑ FERNANDO PESSOA. In: Mundo cultural . [S. l.]: [s. n.], [2003?]. Disponível em:<http://www.mundocultural.com.br/literatura1/modernismo/pessoa/pessoa/estilo.asp >. Acessado em Março de 2007. Cópia em cache no Web.Archive.org