Meu Captiveiro entre os Selvagens do Brasil (2ª edição)
os Selvagens do Brasil
POR MONTEIRO LOBATO
NÃO ha documento mais precioso, relativo á terra brasileira em seus primordios, do que as presentes memorias de Hans Staden. Naufrago acolhido pelos lusos em S. Vicente, viu-se um dia esse allemão nas unhas dos tupinambás, rețido como presa de guerra durante mezes, sob a ameaça terrivel de ser devorado de um momento para outro. Staden defendeu-se com as armas da astucia e conseguiu implantar no animo supersticioso dos indios a crença de que um Deus, mais poderoso que os Maracás, o protegia visivelmente. Escapou, regressou á patria e lá publicou, em 1557, a narrativa ingenua da sua tragedia, fornecendo assim ao historiador futuro, e ao authropologo, o melhor documento sobre os homens e costumes do Brasil de 1550.
Mas esta obra de valor inestimavel, que devia andar no conhecimento de todos os brasileiros, viveu até hoje restricta aos estudiosos e sem possibilidades de divulgação por falta de uma coisa só: ordem literaria. Sem este tempero, por mais interessante que seja, não consegue uma obra vulgarisar-se.
Com esta edição fazemos uma tentativaneste sentido. Ordenamol-a literariamente, com absoluto respeito ao original, de modo que lucrasse em clareza e facilidade de leitura, sem prejuizo do caracter documentativo, uma obra que até nas escolas devia entrar, pois nenhuma daria melhor aos nossos meninos a sensação do Brasil menino.
Os nomes proprios e as palavras e phrases em lingua da terra, que Staden fixou, apparecem corrigidas de accordo com a lição do mestre doutissimo que é Theodoro Sampaio, nas notas com que enriqueceu a traducção de Alberto Löfgren, publicada em 1900.
As gravuras são reproducções das xilographias que acompanharam a edição de Marpurgo.
INDICE
Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.